terça-feira, 24 de novembro de 2009

Quem nunca pensou em mudar o mundo?


Me lembro de quando eu estava no pré, com 5 anos ou perto disso... Já naquela época ser "do mal" é que era legal. Toda vez que descíamos as escadas da sala de aula pra brincar no pátio, no meio daquela algazarra, fazíamos a separação de quem seria polícia e quem seria ladrão (em um tempo onde a inoscência aliada à ingenuidade nos fazia crer que eram "bonzinho" e "malvado", respctivamente). Ainda me lembro de um colega, o Eduardo, que também gostava de ser "bonzinho". Já não tenho conhecimento da existência dele desde que terminamos o pré. Talvez ainda seja um "bonzinho", ou talvez tenha mudado de lado, enquanto muitos "malvados" hoje são "bonzinhos", ou tentam aparentar isto...

Mas o que é o bom e o mau?
A resposta mais apropriada que eu posso dar é: Isso é relativo demais pra que eu possa responder.
O que é mau pra mim, é bom pra ti, e o que é bom pra mim, é mau pra ti...
E o que há de errado nisso?
A resposta talvez seja relativa demais pra que eu possa responder...

De fato, não há bem sem a existência do mal, não existiria o mau se não houvesse o bom... (será?)
Então onde está o erro?
Talvez a resposta esteja no equilíbrio, mas o equilíbrio também é muito relativo...

Não, não me interpretem mal... não estou relativizando, nem costumo relativizar as coisas. Tenho minha opinião formada e bem explícitas nas entrelinhas, mas não pretendo empurrá-la goela abaixo, mas quantas verdades diferentes poderiam se encontrar nas simples questões acima?

Já se passaram alguns anos desde que eu deixei de estudar em um pré-escolar. Quanto mais o tempo vai passando, menos a vida parece com uma brincadeira de criança (seria isso tornar-se adulto?). Que chatice... As responsabilidades são outras, as necessidades diferentes, as vontades já não são mais as mesmas... Antes só me ocupava com o que estava fazendo... Agora me pré-ocupo com coisas que talvez nunca venha a fazer... Penso em mim... nas minhas vontades... nas minhas necessidades... me pré-ocupo com o que vou fazer/ter amanhã... Será que me tornei egoísta? (pra mim isso tudo é lixo... bom mesmo é ser criança, viver o hoje é o que importa... mas não é fácil...)


Outro dia, andando de bicicleta, prestei atenção numa cena bastante comum do nosso cotidiano: uma senhora de aparência bem pobre recebendo garrafas pet de uma criança... até aí tudo bem, mas o cenário muda um pouco o quadro. A criança alcançava as garrafas de dentro de um container coletor de lixo, desses que a prefeitura espalhou pela cidade... Diminuí a velocidade da bicicleta e observei por alguns segundos... Me passaram várias coisas pela cabeça... Será que tenho realmente que me pré-ocupar com as coisas? Qual o tamanho dos meus problemas? O que eu fiz de diferente dessas pessoas pra estar de um lado bem diferente da sociedade? Será que paro? Ou será que eu sou só mais um que finge que não enxerga as "pessoas invisíveis" que vemos diariamente?

Passei reto... Voltei a acelerar a bicicleta e voltei pra casa... Afinal, o que eu poderia ter feito?

É certo que esse é um problema social de responsabilidade governamental, mas falar de política pública implica um texto bem maior que esse...

E são pensamentos como esse ("o que eu poderia fazer?") que me tornam muito próximos daqueles que fingem não enxergar...



Mais uma vez me senti próximo ao desejo de querer mudar o mundo...
 
Quem sabe?